sábado, julho 27, 2024
spot_img
InícioCOVID-19Distantes das ameaças da Covid-19, crianças ficam expostas a outras enfermidades

Distantes das ameaças da Covid-19, crianças ficam expostas a outras enfermidades

A pandemia do novo coronavírus chegou revirando a vida das pessoas de cabeça para baixo, no mundo inteiro. As crianças se viram em isolamento como forma de proteção contra a doença, mas acabaram expostas a outras enfermidades.

Com a rotina adaptada ao universo virtual e o aumento do tempo em equipamentos eletrônicos, as crianças tem desenvolvido cada vez mais transtornos psicológicos e emocionais como ansiedade, agressividade, pânico e depressão, além de um desinteresse social, causando um retrocesso no convívio em sociedade. As atividades físicas deixaram de ser praticadas e, com isso, os estímulos necessários à infância também sofreram um grande impacto.

Thalita Camargos, de 23 anos, é mãe do Kauã, de 3 anos. Ela conta o desafio que tem sido para esse momento social que está sendo vivenciado. “O Kauã não sai de casa mais. Com isso, desencadeou ansiedade. Com ela, veio o nervosismo e a falta de concentração em tudo. Mas o que me deixou mais chateada foi a gagueira. Ele começou a fazer um tratamento com fonoaudiólogo e psicólogo para tratar dessa ansiedade, mas percebo que que ele não sabe lidar com esse tanto de informação, essa falta de ver os coleguinhas da creche e sente muita falta da vida normal”, relata.

Segundo ela, além da ansiedade, seu filho também apresentou um quadro de celulite infecciosa, decorrente do estresse, e teve que dar início a um tratamento com antibióticos. Ela revela que a pandemia a fez repensar sobre a educação que tem dado ao filho, pois se sente culpada e incapaz devido às circunstâncias.

Thalita Camargos e o filho, Kauã, de 3 anos

Outro problema gerado pelo excesso de eletrônicos, especialmente games, está ligado à saúde auditiva. De acordo com a fonoaudióloga da Telex Centro Auditivo, Mariana Rodrigues, “levando em conta que os “gamers” permanecem por diversas horas expostos a altos volumes, pode-se inferir que há um aumento na chance de haver perda auditiva nessa população no futuro. O nosso ouvido possui mecanismos de proteção, mas a exposição excessiva ao ruído pode gerar lesão nas células da orelha interna, acarretando perda auditiva, que é irreversível”, destaca a especialista.

De acordo com a médica Ana Maria Costa, Presidente do Departamento Cientifico do Comportamento e Desenvolvimento da Sociedade Mineira de Pediatria, neste momento é importante ter o cuidado de não patologizar o sofrimento humano. Pois a pandemia trouxe uma relação de instabilidade para todos de forma ampla, por ser uma situação inédita que ninguém estava preparado para viver, e que nos causa medo e angústia por nunca ter sido vivido nada igual.

“A criança, por estar inserida nesse universo, acaba sendo afetada devido ao reflexo emocional que todos nós estamos vivendo. E não podemos transformar em patologia os processos gerados pela pandemia, que podem sim ser temporários, e tais processos já eram esperados, devido à atual conjuntura experienciada”, pondera.

A médica ressalta que temos que pensar em formas alternativas de vivenciar essas mudanças, criando estratégias para lidar com a situação. Pois a família funciona com apoio dos outros organizadores sociais, que são a escola e o lazer. E, a partir do momento que esses organizadores são retirados, há uma sobrecarga.

Para diminuir o risco de futuros problema físicos, é recomendado que os pais estejam atentos à postura da criança enquanto assiste as aulas, limitando o tempo de exposição a vídeo games e tv, incentivando sempre a prática de jogos que estimulam a memória, e o movimento físico através de atividades esportivas que possam ser praticadas nos espaços disponíveis.

“O momento é oportuno para que a sociedade repense seu posicionamento, para que as crianças saiam da pandemia com uma nova consciência de colaboração e responsabilidade social, e somente assim teremos um saldo positivo de todo esse processo histórico ao qual estamos vivendo”, avalia a médica.

* Estagiária sob a coordenação da jornalista Eulene Hemétrio

ARTIGOS RELACIONADOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -spot_img

Mais Lidos