O microbioma é o conjunto de microrganismos (bactérias, fungos, vírus) que coexistem em um determinado ambiente. Se considerado toda a microbiota humana, conjunto de todos os diferentes microbiomas, o ser humano tem aproximadamente 10 vezes mais bactérias do que células próprias. Se isoladas do corpo humano, essas bactérias poderiam chegar a pesar cerca de 2 a 3 quilos. Dentre os diferentes microbiomas, o microbioma intestinal é um dos mais estudados até o momento.
No intestino humano, há o predomínio de ao menos de 100 espécies de bactérias. Quando há um desiquilíbrio do microbioma intestinal, ou disbiose, diversas condições intestinais podem se manifestar, como problemas de absorção, gases, dificuldade para perder peso, distensão e dor abdominal, flatulência, constipação, diarreias, inflamações e infecções. Nesses casos, a investigação genética do microbioma intestinal pode contribuir para a atuação médica com a possibilidade de implementar melhorias nos tratamentos da disfunção.
O exame microbioma intestinal (MI) é um sequenciamento genético que analisa o perfil das bactérias que contribuem para a saúde do intestino. Para realizar o exame, é necessária a autocoleta de amostra de fezes pelo paciente. O resultado do exame pode auxiliar no direcionamento clínico e impactar de forma significativa na vida do indivíduo, por direcionar intervenções específicas para cada caso, como alteração na dieta, modificação do estilo de vida, utilização de suplementos alimentares e medicamentos que possam alterar a flora intestinal e propiciar a harmonia desse microbioma tão importante para a saúde humana”, explica a assessora em genética e genômica do Laboratório Lustosa, Fernanda Soardi.
De acordo com a especialista, o genoma microbiano confere capacidades metabólicas superiores às do organismo humano sozinho, tornando o microbioma intestinal um participante ativo na fisiologia do hospedeiro. Por esse motivo, alterações no microbioma gastrointestinal estão associadas a doenças em humanos e animais, incluindo doença inflamatória intestinal, asma, obesidade, síndrome metabólica, doença cardiovascular, condições imunomediadas, depressão, entre outras.
Em linhas gerais, o padrão da microbiota humana é estabelecido até os dois anos de idade, contudo, ele pode sofrer efeitos causados por diferentes fatores. “Com microbioma intestinal não é diferente. Fatores como dieta, prática de exercício, uso de medicação, doenças, entre outros, podem alterar a harmonia da flora intestinal”, destaca Fernanda.