sábado, julho 27, 2024
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Relutância em vacinar é problema de saúde pública

 

O movimento antivacinas reúne, globalmente, pessoas que se opõem à obrigatoriedade de receberem as doses e de vacinarem seus filhos. O principal argumento delas surgiu de uma pesquisa – hoje sabidamente sem valor científico – que relacionava a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR) ao autismo em apenas 12 crianças.

 

A questão se tornou o centro de uma polêmica até a publicação, neste ano, de amplo trabalho científico que afasta essa vinculação. O estudo foi realizado na Dinamarca e analisou 600 mil crianças por mais de dez anos. No levantamento, as doenças do espectro autista foram mais observadas nas crianças não vacinadas, e não o contrário. Foi apenas mais uma confirmação de um aspecto bastante claro na medicina: as vacinas são seguras e exercem papel fundamental na prevenção de doenças.

 

As reações pós-aplicação são, geralmente, leves e temporárias, como um braço dolorido ou uma febre ligeira. Eventos adversos graves podem, sim, ocorrer, mas são extremamente raros. É muito mais provável que uma criança adoeça ou mesmo venha a falecer por enfermidade evitável pela vacina, como a meningite meningocócica, do que devido a uma reação à imunização.

 

As consequências da relutância podem ser tornar um problema de saúde pública. Doenças que são preveníveis por vacinas podem retornar caso os programas de imunização sejam interrompidos, como a poliomielite (paralisia infantil) e o sarampo.

 

Uma criança saudável e não vacinada que adquire sarampo pode até se recuperar, mas poderá também transmitir para outras crianças mais frágeis, para gestantes ou pessoas com baixa imunidade. Esses correm o risco de adoecer, gerar crianças com problemas congênitos e até mesmo morrer. Por isso, Academia Americana de Pediatria, por exemplo, apoia pediatras que se recusam a atender crianças cujos pais sejam contrários às vacinas.

 

A situação no Brasil também é preocupante. O Programa Nacional de Imunização (PNI) era tido como referência mundial. Porém, a taxa de cobertura da população, que sempre foi alta, vem caindo nos últimos anos, colocando em alerta especialistas e profissionais da área.

O exemplo mais recente do aumento do risco é a volta de casos de sarampo de transmissão interna, o que levou o país a perder seu certificado de país livre da doença. Para o Ministério da Saúde, a reentrada do sarampo está relacionada a uma cobertura vacinal abaixo de 85%.

 

Felizmente, há uma reação global ao movimento contra a vacinação. A Organização Mundial da Saúde escolheu esse tema como uma das prioridades para o ano de 2019. Até mesmo o Facebook passou a combater as fake news a respeito de vacinas. São mobilizações importantes e que, certamente, vão contribuir para a conscientização. As vacinas são um direito das crianças e todos devemos fazer a nossa parte.

 

O movimento antivacinas reúne, globalmente, pessoas que, por diversas razões, se opõem à obrigatoriedade de receberem as doses e de vacinarem seus filhos. O principal argumento dos que levantam essa bandeira surgiu de uma pesquisa – hoje sabidamente sem valor científico, porém publicada em uma revista médica de grande repercussão (Lancet, 1998) – que relacionava a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR) ao autismo em apenas 12 crianças.

A questão se tornou o centro de uma polêmica e veio sendo investigada até a publicação, neste ano, de um amplo trabalho científico que afasta essa vinculação. O estudo foi realizado na Dinamarca e analisou 600 mil crianças por mais de dez anos. No levantamento, as doenças do espectro autista foram mais observadas nas crianças não vacinadas, e não o contrário.

Foi apenas mais uma confirmação de um aspecto bastante claro na Medicina, e que, é essencial destacar. As vacinas são muito seguras e exercem um papel fundamental na prevenção de doenças.

 

As reações pós-aplicação são, geralmente, leves e temporárias, como um braço dolorido ou uma febre ligeira. Eventos adversos graves podem, sim, ocorrer, mas são extremamente raros e cuidadosamente monitorados e investigados. É muito mais provável que uma criança adoeça gravemente ou mesmo venha a falecer por uma enfermidade evitável pela vacina, como a meningite meningocócica, do que devido a uma reação à imunização.

 

As consequências da relutância em se vacinar não são apenas individuais e podem ser tornar um problema de saúde pública. Doenças que são preveníveis por vacinas podem retornar caso os programas de imunização sejam interrompidos, como a poliomielite (paralisia infantil), o sarampo e até mesmo uma pandemia global de gripe.

 

Uma criança saudável e não vacinada que adquire sarampo pode até se recuperar, mas poderá também transmitir para outras crianças mais frágeis, na escola ou no consultório médico, para gestantes, para pessoas em quimioterapia ou com baixa imunidade. Esses outros indivíduos correm o risco de adoecer, gerar crianças com problemas congênitos e até mesmo morrer. Por isso, Academia Americana de Pediatria, por exemplo, apoia os pediatras que se recusarem a atender crianças cujos pais recusam as vacinas.

 

A situação no Brasil também é preocupante. O Programa Nacional de Imunização (PNI) era tido como referência mundial. Fomos pioneiros no planeta na incorporação de diversas vacinas no calendário disponível para a população geral, via SUS. Porém, a alta taxa de cobertura da população, que sempre foi sua principal virtude, vem caindo nos últimos anos, colocando em alerta especialistas e profissionais da área, com índice de vacinação da população em geral abaixo do recomendado.

 

O exemplo mais recente do aumento do risco é a volta de casos de sarampo de transmissão interna, o que levou o país a perder seu certificado de país livre da doença. Para o Ministério da Saúde, a reentrada do sarampo está relacionada a uma cobertura vacinal abaixo de 85%. A pasta pretende encaminhar ao Congresso Nacional projetos de lei que reforcem a importância da vacinação, como por exemplo, a exigência da caderneta vacinal em dia para matrícula nas escolas.

 

Felizmente, há uma reação global ao movimento contra a vacinação. A Organização Mundial da Saúde escolheu esse tema como uma das prioridades para o ano de 2019. Até mesmo o Facebook anunciou recentemente a implementação de um algoritmo para combater as fake news a respeito de vacinas em seu feed de notícias. São mobilizações importantes e que, certamente, vão contribuir para a conscientização. As vacinas são um direito das crianças e todos devemos fazer a nossa parte.

 


* Luisane Vieira é médica patologista clínica, gerente técnica do Laboratório Lustosa.

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