quarta-feira, novembro 20, 2024
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Bronzeamento aumenta risco de câncer de pele

Ter a pele bronzeada no verão é o desejo de muitas mulheres. A prática tão comum no Brasil, porém, pode trazer sérias consequências à saúde. Seja natural ou artificial, com fita ou biquíni, na praia, na laje, no clube ou na clínica. Qualquer que seja a forma, o bronzeamento é um dos fatores de risco para o câncer de pele – tumor de maior incidência no Brasil, sendo responsável por, aproximadamente, 30% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas no país.

Embora a doença ainda seja vista com desdém, ela pode ser extremamente grave, quando se trata do melanoma, o tumor mais letal. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estão previstos 74 mil novos casos de câncer de pele, por ano, até 2025.  Com as férias de verão se aproximando, o que motiva muitos a exporem o corpo ao sol para se bronzear, a tendência é a situação se agravar.

O principal problema é a exposição excessiva à radiação ultravioleta (UV), por meio do sol. Mas o bronzeamento artificial também é um grande vilão, sendo inclusive proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) desde 2009. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o bronzeamento artificial como um potente agente cancerígeno e alertou que quem está atuando na área age de forma irregular e está sujeito ao fechamento e punição.

De acordo com a assessora Técnica em Genômica e Genética do Laboratório Lustosa, Fernanda Soardi, existem dois principais tipos de câncer de pele, o não-melanoma e o melanoma. O tipo não-melanoma é o mais comum e está associado a um risco diminuído de mortalidade. Contudo, dependendo da demora no diagnóstico e na extração, pode causar marcas e deformações no corpo da pessoa.

Já o melanoma é a forma menos frequente de câncer de pele e com um elevado índice de mortalidade, se não for diagnosticado precocemente. Ele tem origem nos melanócitos, células responsáveis pela produção da melanina, substância que dá cor à pele. “No princípio, o melanoma se desenvolve na camada mais superficial da pele, onde costuma aparecer em forma de pinta, mancha ou de um sinal, o que facilita a remoção cirúrgica e aumenta a chance de cura. Contudo, quanto mais demorado o diagnóstico, maior a possibilidade de agravamento, do avanço da condição clínica e aumenta o risco de metástase do tumor”, destaca a assessora técnica em Genômica e Genética do Laboratório Lustosa, Fernanda Soardi.

Nos dois casos, o sol excessivo é o grande desencadeante. A dermatologista Daniela Gomes explica que o carcinoma basocelular (não melanoma), por exemplo, surge geralmente nas áreas mais expostas ao sol, como face, pescoço, couro cabeludo, orelhas, ombros e dorso. “Ele pode se apresentar como uma pápula vermelha e brilhante, ou como uma placa avermelhada e descamativa. São lesões que podem sangrar com facilidade e crescem muito lentamente”, destaca.

Já o carcinoma espinocelular, também do subtipo não melanoma, pode se desenvolver em  qualquer parte do corpo, mas também são mais comuns nas áreas expostas ao sol.   Esse tipo costuma ter relação com feridas crônicas, cicatrizes, radiação e uso de alguns medicamentos em pacientes transplantados. ‘Clinicamente ele se apresenta como uma ferida espessa e descamativa, que não cicatriza e sangra com frequência, ou pode ter o aspecto de uma verruga”, acrescenta Daniela.

Já o melanoma, o câncer mais letal, se apresenta como um  “sinal” ou “pinta” acastanhada ou enegrecida que sofre algumas mudanças de padrão, tais como crescimento, mudança de cor, alteração do formato e sangramento. É mais comum nas pernas das mulheres e no tronco dos homens, segundo a médica.

Fatores genéticos

Assim como ocorre em todos os tipos de câncer, os fatores genéticos também devem ser considerados. É o que destaca Fernanda Soardi. De acordo com a especialista, no caso do melanoma é necessária ao menos uma alteração genética para iniciar a formação do tumor. “Essa alteração pode estar presente no indivíduo desde sua formação ou pode surgir no decorrer da vida devido a eventos e fatores que propiciem a formação de alterações genéticas como, por exemplo, a radiação solar”, explica.

Fernanda aponta que 5% a 12% dos melanomas são causados por variantes genéticas hereditárias, presentes desde o nascimento do indivíduo. “Este é um importante motivo para que familiares de pacientes diagnosticados com a doença mantenham o acompanhamento médico e façam exames preventivos regularmente. Quando mais de um indivíduo na família apresenta melanoma, ou quando a manifestação ocorre em idade atípica ou em indivíduos de grupos mais raramente acometidos pela doença, a possibilidade de melanoma hereditário ou familiar deve ser considerada. Vários genes já foram associados à doença e podem ser investigados por meio de painéis multigênicos para melanoma ou para câncer hereditário”, complementa a assessora.

A especialista orienta que um adequado acompanhamento clínico e um bom conhecimento sobre o histórico pessoal do indivíduo e da sua família permitem o direcionamento para os exames genéticos que podem ser mais informativos em cada caso. “Quanto mais precocemente o câncer de pele for detectado, independentemente do tipo e se é hereditário ou não, maior a chance de um tratamento adequado e de cura, quando possível”, conclui.

Cuidados com o sol

Segundo a dermatologista Daniela Gomes, os cuidados devem ser redobrados nesta época do ano, especialmente por pessoas de pele clara com sardas, cabelos louros ou ruivos e olhos claros. “As crianças e adolescentes também precisam de especial atenção e cuidados, já que o histórico de queimaduras solares nessas faixas etárias aumentam o risco de melanoma”, observa.

A especialista destaca que o ideal seria evitar o sol entre as 10h e 16h, usar chapéus, camisetas e óculos. Como nem sempre isso é possível, a principal recomendação contra o câncer de pele é usar protetor solar. “Isso vale não apenas para os que buscam um bronzeado, mas por todos expostos aos raios solares e até mesmo por aqueles que estão em ambientes fechados”, ressalta.

A recomendação é válida também em outras estações, como outono e inverno, em dias frios e chuvosos. Daniela afirma que o uso do protetor solar deve ser diário, com fator de proteção (FPS), no mínimo acima de 30, devendo o produto ser reaplicado a cada duas ou três horas e após atividades ao ar livre. A quantidade correta equivale a uma colher de chá rasa para o rosto e 3 colheres de sopa para o corpo.

Diante da inegável importância dos protetores solares para a prevenção do câncer de pele, a dúvida é: como escolher o produto mais eficiente em meio a tantas opções? A especialista orienta que o primeiro passo é avaliar o fator de proteção solar aos raios UVB, o famoso FPS. “O mínimo deve ser de 30, mas peles mais claras precisam de um FPS mais elevado. O valor do PPD, que mede a proteção aos raios UVA, também precisa ser avaliado, e deve ser de no mínimo metade do valor do FPS. O veículo do produto precisa levar em consideração cada tipo de pele. Por exemplo, peles mais oleosas se beneficiam de veículos mais leves e livres de óleos, como gel ou loção”, indica.

Daniela orienta que os cuidados com a pele não devem ser restritos ao mês de dezembro, mas diários. “Se  tiver dúvida sobre manchas, pintas ou sinais, não hesite em procurar um dermatologista para que ele faça ou solicite exames detalhados”, aconselha.

 

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