sexta-feira, outubro 11, 2024
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Setembro Dourado alerta sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil

O câncer em crianças e adolescentes é bastante distinto do que ocorre em adultos, seja em relação aos tipos, a como se manifesta ou às chances de cura.  Os maiores desafios para o enfrentamento da doença são a falta de sintomas específicos e de definição clara dos fatores de risco. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), aproximadamente 7.930 casos serão diagnosticados entre 2023 e 2025 no Brasil, sendo 4.230 meninos e 3.700 meninas. O Sudeste é a região mais atingida com 3.310 casos estimados.

O oncologista e pediatra do Câncer Center Oncoclínicas Belo Horizonte, Joaquim Caetano de Aguirre Neto, destaca que, durante o “Setembro Dourado”, é essencial lembrar que a conscientização pode salvar vidas. Promover o conhecimento sobre os sintomas, tratamentos e a importância do diagnóstico precoce pode fazer a diferença na vida de muitas crianças e adolescentes. “Além disso, apoiar as famílias e investir em pesquisas contínuas são passos fundamentais para aumentar ainda mais as taxas de cura e melhorar a qualidade de vida dos jovens pacientes”, alerta.

Sintomas são inespecíficos

Por existirem tipos diferentes de tumores, os sintomas variam, dificultando a descoberta da doença. Os mais comuns incluem as leucemias agudas, os cerebrais, os linfomas, os sólidos abdominais, como os tumores renais, os neuroblastomas, os oculares, como o retinoblastoma e o osteossarcoma, um câncer ósseo.

Os indícios do câncer em crianças e adolescentes, na maioria das vezes, são inespecíficos e podem ser confundidos com condições comuns na infância. Joaquim Caetano de Aguirre Neto explica que alguns sinais de alerta incluem fadiga constante, dores ósseas ou articulares inexplicáveis, febre persistente, perda de peso sem causa aparente, presença de caroços ou inchaços e aumento do volume abdominal. O reflexo alterado, tipo “olho de gato”, nos olhos das crianças menores de cinco anos, podem indicar ainda retinoblastoma. “É importante que pais e cuidadores estejam atentos a qualquer alteração e procurem orientação médica se algo parecer fora do comum”, ressalta.

Consultas de rotina com um profissional de confiança e capacitado são fundamentais para reduzir o tempo entre o surgimento de uma alteração e o diagnóstico. “Exames clínicos, laboratoriais e de imagem, como radiografias e ressonâncias magnéticas, são essenciais para ajudar na confirmação da presença de tumores ou anomalias, que serão avaliadas por um médico oncologista pediátrico”, destaca o especialista.

Como qualquer outro tipo de câncer, o tratamento para o público infantojuvenil é personalizado, levando em conta o tipo, estágio, idade, peso e condições específicas de cada paciente. As opções incluem cirurgia para remover tumores, quimioterapia para destruir células cancerosas, radioterapia, e, em alguns casos, terapias mais avançadas, como imunoterapia e terapia-alvo.

Fatores de risco não são bem definidos

De acordo com o médico, enquanto em adultos o estilo de vida e a exposição ambiental, como tabagismo, obesidade e infecção pelo vírus do HPV, têm grande influência no desenvolvimento do tumor, em crianças esses fatores não são bem definidos. “Algumas síndromes genéticas como a neurofibromatose, Beckwith-Wiedemann, e mutações herdadas (retinoblastoma e Li-Fraumeni) podem aumentar o risco, mas, em muitos casos, o câncer infantojuvenil surge sem uma causa clara identificável”, diz.

Sendo assim, a genética pode desempenhar um papel significativo para certos tipos de câncer. O oncologista afirma que em apenas 6% dos casos pode-se identificar um fator genético relacionado à doença. “Alterações herdadas ou mutações que ocorrem espontaneamente podem predispor uma criança a ter um diagnóstico positivo. No entanto, é importante destacar que a maioria dos casos não é herdada, mas resulta de mutações que ocorrem por acaso durante o desenvolvimento da criança”, aponta.

Joaquim Caetano reforça que os avanços na medicina têm permitido tratamentos menos invasivos e os índices de sobrevivência para o câncer infantojuvenil melhoraram significativamente nas últimas décadas. “Hoje, taxas de cura acima de 80% podem ser alcançadas desde que o paciente seja tratado por uma equipe especializada em um centro de excelência. Isso quer dizer que recebendo um diagnóstico preciso, a maioria das crianças e adolescentes são potencialmente curáveis”, afirma.

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