A pandemia do novo coronavírus impacta a população nos mais diversos âmbitos, da saúde, profissional, social, econômico, afetivo e familiar. As incertezas diante de algo totalmente inédito junto ao medo, e a importância do isolamento social para conter a transmissão direta pela Covid-19, podem gerar uma alta carga de estresse. Essa sobrecarga emocional pode se manifestar no corpo como, por exemplo, com o surgimento de espinhas e a queda acentuada dos fios.
O estresse pode causar o eflúvio telógeno e a alopecia areata porque o organismo passa a produzir doses elevadas de cortisol (hormônio do estresse) que desencadeiam quadros inflamatórios e prejudicam o ciclo de crescimento dos fios. “Paralelamente a isso, a sobrecarga emocional acelera a produção de estriol (um dos grupos de hormônios do estrogênio) que impede a entrada e absorção de nutrientes na região capilar”, explica o cirurgião plástico André Giannini, membro da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC) e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica(SBCP).
O eflúvio telógeno e a alopecia areata estão relacionados a alguns fatores, mas ambas as condições podem ser desencadeadas ou agravadas por esse mecanismo fisiológico de tensão. “A alopecia areata é uma doença inflamatória ligada a aspectos genéticos e imunológicos (doenças autoimunes, como vitiligo e lúpus), que pode piorar com o quadro de ansiedade. Os fios costumam cair em regiões delimitadas e circunscritas. Já o eflúvio telógeno consiste na queda de fios em várias regiões, com diminuição da densidade capilar, e pode ser agudo ou crônico. O eflúvio pode ser estimulado pelo pós-parto, febre, infecção, dietas muito restritivas, doenças metabólicas, cirurgia bariátrica, estresse e outras razões”, elucida o médico.
Embora o atual cenário cause insegurança, o médico recomenda manter a calma, fazer em casa atividades prazerosas nas horas livres, como cozinhar ou brincar com os filhos, e buscar ajuda médica. “A telemedicina com consultas on-line foi regulamentada e adotada em nossa clínica para auxiliar em momentos como esse, para consulta, suporte, monitoramento, diagnóstico e pós-operatório. Mas é importante frisar que as clínicas e consultórios estão retomando suas atividades aos poucos, com todos os cuidados necessários para garantir a segurança biológica dos pacientes, seguindo as recomendações de associações médicas”, assegura Giannini.
Com relação às abordagens clínicas, existem terapias modernas e eficazes, minimamente invasivas, que estimulam o crescimento e a densidade dos fios.
O tratamento com laser e LED, também conhecido como fototerapia, aumenta a elasticidade cutânea e a produção do colágeno – fundamental para a sobrevida do folículo piloso. “A mesoterapia capilar estimula os folículos, reduz a queda dos fios e promove seu crescimento e fortalecimento por meio da aplicação direta de medicamentos no couro cabeludo, potencializando sua ação e diminuindo seus efeitos colaterais, pois agem diretamente nos folículos do couro cabeludo”, descreve André Giannini.
Há ainda o microagulhamento capilar que estimula a produção de colágeno e queratina, essenciais para aumentar a sobrevida do folículo piloso e formar fios, e o MMP (Microinfusão de Medicamentos na Pele), que introduz vitaminas e medicamentos (finasterida, minoxidil, biotina, latanoprosta) com microagulhas automatizadas diretamente nas camadas mais superficiais da derme no couro cabeludo, além de tratamentos orais e tópicos.
“A finasterida é uma alternativa, trata-se de um medicamento oral, usado no combate ao avanço da calvície, que freia a velocidade da queda dos fios e pode reverter o processo de miniaturização dos mesmos. Já o uso tópico do minoxidil promove uma vasodilatação local e estimula a multiplicação das células da raiz do pelo. Temos como novidade o minoxidil oral, que facilita a entrega de nutrientes necessários aos bulbos capilares”, afirma o especialista.
Dr. André Giannini ressalta que dependendo do quadro, os procedimentos podem ser combinados para obter resultados mais satisfatórios.