Mesmo sem ter concluído o tratamento, Ronaldo Galdino deixou o leito do hospital Risoleta Tolentino Neves, em Belo Horizonte, e foi para a casa ficar com a família. Internado para tratamento, o paciente foi um dos beneficiados pelo programa de desospitalização feito em parceria com o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), da Prefeitura de Belo Horizonte. Seu Galdino vai continuar recebendo os cuidados complementares em casa e continuará assistido pela equipe de saúde do hospital, mesmo à distância.
O processo de desospitalização, ou home care como é conhecido na rede particular, também já é oferecido em hospitais financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde, por meio da Portaria 825, reformulou em 2016 o programa Melhor em Casa e incluiu a assistência domiciliar ao paciente hospitalizado.
Além de possibilitar ao paciente se recuperar próximo de seus amigos e familiares, o afastamento do ambiente hospitalar possui outros benefícios. Segundo o Ministério da Saúde, a desospitalização ajuda a reduzir o estresse do paciente e reduz riscos de infecções hospitalares. Outro benefício é a redução dos custos para as unidades. De acordo com estudo recente do Home Health Care Services, feito pelo grupo estrangeiro INSEAD Knowlege, a desospitalização pode reduzir de 30 a 50% os gastos com internação e assistência in loco. Ainda de acordo com o levantamento, o home care é uma tendência no mundo todo e está em ascensão no Brasil e em toda a América Latina.
Pioneirismo
Em Belo Horizonte o Hospital Risoleta Neves foi um dos primeiros a ofertar a modalidade e tem colhido bons resultados da iniciativa. No último ano do programa, a Equipe Multiprofissional de Apoio Domiciliar (EMAD-HRTN) já acompanhou a desospitalização de mais de 500 pacientes. O tempo médio de internação no Risoleta Neves reduziu, em média, três dias.
Segundo Raquel Felizardo Rosa, médica e coordenadora do Serviço de Atenção, em toda a capital mineira o programa possibilita, em média, de 900 a 1.000 novas desospitalizações por mês. Segundo ela, os impactos desse resultado vão além do bem-estar do paciente e da economia de recursos, beneficiando o sistema municipal de saúde como um todo.
“O Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) veio para melhorar a grade de urgência e permite um giro de leitos hospitalares, o que é muito bom. Em acordo com os critérios de elegibilidade os pacientes, na maioria dos casos de longa permanência, deixam o hospital e seguem para fazer a reabilitação em casa deixando livre o leito hospitalar, o que ajuda a reduzir a fila de espera por uma vaga na internação”, disse.
Ainda de acordo com Raquel Felizardo, o SAD dispõe atualmente de 24 equipes de atendimento domiciliar (EMAD) e oito equipes multiprofissionais de apoio (EMAP). As EMADs são compostas por médicos e enfermeiros, enquanto as EMAPs contam com outras especialidades, como fisioterapeutas, fonoaudiólogas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, psicólogas e terapeutas ocupacionais.