Apesar de ser uma das enfermidades mais antigas do mundo, a tuberculose, doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (Bacilo de Koch), continua provocando a morte de 4,5 mil pessoas, no Brasil, por ano. Neste Dia Mundial de Combate à Tuberculose, 24 de março, as estatísticas mostram que a doença se mantém como um grave problema de Saúde Pública.
No país, são notificados, anualmente, cerca de 70 mil casos, conforme o Ministério da Saúde. No mundo, a cada ano, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose. A doença, que afeta prioritariamente os pulmões, pode atingir também os rins, ossos e meninges, sendo responsável por mais de um milhão de óbitos anuais.
Para o Assessor em Microbiologia do Laboratório Lustosa, Hyllo Baeta, esses números poderiam ser minimizados se o diagnóstico fosse feito precocemente e as pessoas encaminhadas para o tratamento adequado. Ele destaca que há um atraso no diagnóstico, que pode ser feito por meio de exames laboratoriais como a Baciloscopia, cultura e teste molecular.
“É fundamental que as pessoas não ignorem os sintomas: tosse por três semanas ou mais, dor ao tossir, febre vespertina, sudorese noturna, falta de ar, emagrecimento, entre outros. Eles podem parecer comuns, mas podem se agravar e evoluir para óbito. Diante desses sintomas, sobretudo a tosse persistente, recomenda-se que as pessoas procurem o médico e sejam investigadas para tuberculose”, orienta.
Segundo o especialista, no enfrentamento à doença, ainda é necessário intensificar as ações preventivas e de conscientização, já que muitos desconhecem a gravidade da tuberculose ou acreditam, erroneamente, que ela está erradicada.
Hyllo alerta que a doença é contagiosa. “A transmissão da tuberculose acontece por via respiratória, pela eliminação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), sem tratamento; e a inalação de aerossóis por um indivíduo suscetível. Calcula-se que, durante um ano, em uma comunidade, uma pessoa com tuberculose pulmonar e/ou laríngea ativa, sem tratamento, e que esteja eliminando aerossóis com bacilos, possa infectar, em média, de 10 a 15 pessoas”, explica.
Ele ressalta, entretanto, que a tuberculose não se transmite por objetos compartilhados. “Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e talheres dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não têm papel importante na transmissão da doença”, complementa, esclarecendo ainda que, com o início do tratamento, “a transmissão tende a diminuir gradativamente, e em geral, após 15 dias, o risco de transmissão da doença é bastante reduzido”.
Hyllo Baeta destaca ainda que o bacilo da tuberculose é sensível à luz solar e a circulação de ar possibilita a dispersão das partículas infectantes. “Por essa razão, ambientes ventilados e com luz natural direta diminuem o risco de transmissão. A etiqueta da tosse, que consiste em cobrir a boca com o antebraço ou lenço ao tossir, também é uma medida importante a ser considerada”, esclarece.
Vale ressaltar, ainda, que a tuberculose tem cura. “Mas isso ocorre quando o tratamento, que dura, no mínimo seis meses, é feito de forma adequada. Esse tratamento é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS)”, orienta o microbiologista do Lustosa.