Uma nova relação entre o coronavírus e o diabetes tem sido investigada por especialistas. Além do risco aumentado de COVID-19 grave para quem já tem problemas com a produção ou absorção da insulina, estudos recentes indicam que o coronavírus também podem danificar as célular encontradas no pâncreas, responsável pelo hormônio que regula a glicose no sangue.
“O surgimento de diabetes recente e complicações metabólicas graves de diabetes preexistente foram observadas em pacientes com COVID-19. Portanto, pessoas com pré-diabetes que foram infectadas com coronavírus devem estar cientes sobre a possibilidade da evolução para diabetes, pois qualquer estresse adicional (como um vírus) pode sobrecarregar o sistema metabólico”, destaca o farmacêutico bioquímico Adriano Basques, diretor técnico do Laboratório Lustosa.
Recentemente, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) atualizou suas informações sobre os avisos de risco COVID-19, que agora incluem dados mais específicos sobre diabetes. Especificamente, o CDC agora diz que as pessoas com diabetes tipo 2 correm um risco aumentado de doença grave de COVID-19 e que é provável que pessoas com diabetes tipo 1 ou diabetes gestacional também possam ter este risco.
“Os pacientes diabéticos possuem uma doença inflamatória na camada de tecido que reveste os vasos sanguíneos, o endotélio. Uma vez que a COVID-19 é uma doença inflamatória e que leva à produção aumentada de proteínas pró-inflamatórias (tempestade de citocinas), este processo pode ser amplificado, aumentado a gravidade da doença”, explica Basques.
Por outro lado, conforme artigo recente publicado na Nature, há suspeita que o vírus esteja desencadeando um novo início de diabetes, pois acredita-se que o vírus danifica certos tipos de células – conhecidas como células beta – que são encontradas no pâncreas e produzem a insulina, hormônio regulador dos níveis de glicose no sangue.
É importante observar que ter diabetes em si não aumenta o risco de contrair COVID-19. Em vez disso, o diabetes aumenta o risco de complicações e morte se a COVID-19 for contraída.
Um banco de dados global foi criado por um grupo internacional de cientistas (covidiab.e-dendrite.com) para obter informações e investigar as especificidades de como o vírus desencadeia o diabetes. “Estamos aprendendo diariamente sobre a COVID-19, mas a prevenção das complicações da diabetes devem ocorrer independentemente da pandemia. Para um efetivo controle da glicemia, a medida regular da glicemia deve ocorrer”, destaca.
Além desta medida, Basques recomenda a realização periódica do exame de hemoglobina glicada, uma vez que ele ajuda a entender o histórico dos níveis de glicose nos últimos 90 a 120 dias.
Covid-19 danifica células do pâncreas e pode desencadear diabetes
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