Os motociclistas representam a maior parte das vítimas de acidentes de trânsito em Belo Horizonte, segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Entre janeiro e abril de 2025, 68,38% dos atendimentos no Hospital João XXIII, referência em traumas no estado, foram destinados a ocupantes de motocicletas. O dado acende um alerta sobre a vulnerabilidade desse grupo e reforça a importância de ações de prevenção.
Ao todo, foram registrados 3.317 atendimentos relacionados a acidentes de trânsito no hospital, sendo 2.268 referentes a motociclistas. O número é semelhante ao registrado no mesmo período de 2024, quando 2.310 motociclistas deram entrada na unidade, o equivalente a 67,6% do total.
Enquanto isso, pedestres aparecem como o segundo grupo mais atingido, com 436 atendimentos em 2025 (13,14%) e 415 em 2024 (12,27%). Os demais atendimentos foram distribuídos entre ocupantes de automóveis de passeio, ciclistas e passageiros de ônibus.
Esses dados integram um estudo inédito realizado pela SES-MG em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), que analisou mais de 2 milhões de registros de acidentes de trânsito no estado entre 2019 e 2025. A pesquisa é fruto de um acordo de cooperação entre os dois órgãos.
Segundo o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, o levantamento orienta a formulação de políticas públicas mais eficazes. “A SES-MG e o Corpo de Bombeiros fizeram uma análise profunda da dinâmica dos acidentes: onde ocorrem, quais os mais comuns e letais. Isso nos permite direcionar ações integradas com municípios, governo e sociedade”, destacou.
Os dados são divulgados no contexto do Maio Amarelo, movimento internacional de conscientização sobre segurança no trânsito. Durante todo o mês, a SES-MG promove ações educativas nas redes sociais (@saudemg) para alertar a população sobre comportamentos seguros e prevenção de riscos à saúde.
Para Francisco Lemos, coordenador de Vigilância em Saúde da Superintendência Regional de Saúde de Belo Horizonte, o alto número de acidentes com motociclistas é reflexo de uma série de fatores. “Há questões culturais, estruturais e sociais envolvidas. Minas é o segundo estado com mais mortes no trânsito. E o Atlas da Violência, do Ipea, mostrou que, em Minas Gerais, as mortes por acidentes de trânsito já superam as por homicídios”, afirmou.
Lemos ainda destaca as consequências pessoais e coletivas desse cenário: “As perdas humanas são irreparáveis e causam impactos profundos nas famílias, na economia e na saúde mental. Além disso, a pressão sobre o sistema de saúde é significativa, como mostram os dados do Hospital João XXIII.”
A realidade exposta pelo estudo reforça a urgência de promover uma cultura de paz e responsabilidade no trânsito — especialmente para proteger quem está mais exposto: os motociclistas.