A depressão é uma condição de saúde mental que afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Muitas vezes, porém, é difícil distinguir se a condição é apenas uma tristeza momentânea ou se representa um problema maior, que exige cuidados clínicos.
De acordo com o psiquiatra e médico cooperado da Unimed-BH, Alexandre Pereira, as pessoas não percebem que estão caminhando em direção à depressão até que seja tarde demais.“Diferenciar tristeza e depressão é fator fundamental para a obtenção de diagnóstico e tratamento eficazes. Na depressão existe um humor deprimido, acompanhado de perda da capacidade de sentir prazer nas coisas do cotidiano, perda da vitalidade e, mesmo ao receber estímulos externos positivos, a pessoa não consegue reagir durante um período mínimo de duas semanas, exigindo uma abordagem terapêutica. Já a tristeza está relacionada com aspectos muito específicos, do cotidiano, mas a pessoa geralmente melhora a partir dos estímulos recebidos e das circunstâncias que vão mudando ao longo do tempo”, explica.
Segundo o especialista, o autocuidado fortalece a resiliência mental e sendo indicada para prevenção e tratamento da doença. “Recursos como atividade física, meditação e atividade lúdica contribuem muito com a prevenção. Essas mesmas ações fazem parte de um primeiro momento do tratamento. Contudo, se o nível de sofrimento psíquico ficar muito elevado, é necessário iniciar o tratamento medicamentoso para interromper esse processo de maneira mais rápida”, reforça.
Pesquisa publicada pelo “JAMA Psychiatry” defende que a prática de atividade física pode estender por tempo prolongado a sensação de bem-estar no indivíduo, reduzindo em até 16% a probabilidade de desenvolver a doença. Como evidenciam os números, os hábitos saudáveis desempenham uma importante função no cuidado com a saúde mental.
Pereira destaca que as pessoas com depressão precisam fazer escolhas conscientes, que promovam o bem-estar emocional, como buscar apoio terapêutico, praticar a autocompaixão e estabelecer limites saudáveis são importantes no processo. “Manter boas relações, seja amorosa, familiar ou amizade, também ajuda a sustentar o próprio cotidiano. Várias pesquisas evidenciam que a qualidade das relações pessoais também exerce um fator de proteção e de qualidade de vida significativo”, corrobora. O especialista alerta, no entanto, que o autocuidado não é um substituto para o tratamento profissional. “É um complemento ao processo terapêutico e ajuda no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento e na construção de uma base sólida para a recuperação”, conclui.