Minas Gerais é o terceiro Estado brasileiro com mais pessoas superdotadas já mapeadas no Brasil, ficando atrás de São Paulo, com 1226 pessoas, e Rio de Janeiro, com 298 superinteligentes. Os dados são da Mensa Internacional, que já identificou 2,6 mil brasileiros com altas habilidades no país.
De acordo com a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, a pessoa com altas habilidades apresenta um desempenho excepcional em uma ou mais áreas do potencial humano como: inteligência espacial, corporal, musical, linguística, lógica, interpessoal, Intrapessoal e naturalista. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 5% da população mundial possui essa característica.
Do total de superinteligentes identificados pela Mensa Internacional, 70% têm entre 19 e 36 anos. As pessoas entre 13 e 18 anos correspondem a 10%, mesmo patamar verificado para a faixa etária entre 37 e 45 anos. E apenas 5% possuem atualmente mais de 45 anos de idade, sendo que o membro mais idoso foi identificado aos 72 anos de idade.
Com o intuito de ampliar a descoberta de pessoas com altas habilidades/superdotação, a entidade tem realizado periodicamente rodadas de testes em diversas cidades brasileiras. A última rodada aconteceu em três finais de semana de junho, em dezenas de localidades, de vários estados.
Na avaliação de Rodrigo Lopes Sauaia, presidente da Mensa Brasil, o Brasil é uma potência intelectual ainda adormecida e subaproveitada. “Temos uma das maiores populações do planeta. Cerca de 2% dos habitantes do Brasil podem apresentar sinais de altas habilidades, com um QI muito acima da média. Porém, ainda não há um mapeamento abrangente destes indivíduos”, aponta Sauaia.
Autoconhecimento
De acordo com o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, especialista em Alto QI e membro de 7 sociedades de alto QI no mundo, a maioria das crianças faz o teste de habilidades por influência dos pais. Recentemente, porém, têm crescido o número de adultos que também têm manifestado interesse em conhecerem mais a si mesmos.
É o caso, por exemplo, da cirurgiã plástica Elodia Avila, que descobriu um QI de 141 pontos aos 57 anos. “Quando criança, eu gostava bastante de ler e percebia que realmente ficava imersa nas histórias. Na escola, me destacava nas minhas redações, e a pintura era um dos meus hobbies que desenvolvi de forma autodidata”, conta.
A médica desenvolveu o conceito estético de Estrutura Facial baseado na Análise-Facial Tridimensional – cálculos matemáticos individuais que ajudam a direcionar melhor os tratamentos estéticos e obter melhores resultados.
Como identificar
Segundo a neuropsicóloga Roselene Espírito Santo Wagner, existem três características fundamentais para a detectar a superdotação: a capacidade acima da média (velocidade de processar informação e encontrar soluções), criatividade (curiosidade de buscar informações diferentes propondo soluções originais e inusitadas) e o comprometimento com a tarefa (engajamento e persistência para concluir o que começa).
Conforme a especialista, que é PhD em neurociência, crianças superdotadas possuem alguns traços marcantes e que podem ajudar na identificação: rapidez na aprendizagem; facilidade para abstração, associações, análise e síntese, generalizações; leitura voraz e vocabulário avançado; flexibilidade de pensamento; produção criativa; capacidade de julgamento; habilidade para resolver problemas com soluções próprias; memória e compreensão incomuns das situações vividas; independência de pensamento; talentos específicos, como esportes, música, artes, dança, informática; muita curiosidade; senso crítico exacerbado; senso de humor desenvolvido; comportamento cooperativo; sensibilidade e empatia ao se comunicar; habilidade no trato com as pessoas; autoconsciência; liderança; interesse por assuntos novos e por várias atividades ao mesmo tempo; concentração prolongada em atividades de interesse; aborrecimento com a rotina; gosto por desafios e persistência e adaptabilidade perante dificuldades inesperadas.
“Crianças portadoras de superdotação e/ou altas habilidades, carregam o estigma de que nascem sabendo tudo, nunca erram, não precisam de estímulo, tempo, empenho. Isso não representa a realidade. Elas precisam sim de estímulo, investimento de tempo e deificação aos estudos”, ressaltou.
Dra Leninha, como é mais conhecida, também informou que outras características podem indicar alto potencial de que crianças possuam superdotação. “Capacidade inicial de ler, aprender e compreender as coisas rapidamente, ficar intensamente absorvido em tópicos de interesse, ao mesmo tempo em que fica alheio aos eventos ao redor, observação aguçada, curiosidade e tendência a fazer perguntas, desenvolvimento precoce de habilidades motoras (por exemplo, equilíbrio, coordenação e movimento), capacidade de pensar abstratamente, mostrando sinais de criatividade e inventividade, encontra alegria em descobrir novos interesses ou apreender novos conceitos, uso inicial de vocabulário avançado, retenção de variedade de informações, mostra independência, auto suficiência e responsabilidade na realização de tarefas e capacidade de visualizar situações de perspectivas variadas e explorar abordagens alternativas”, disse.
“Se você identificou essas características em seu filho(a), busque ajuda profissional adequada, pois através de Testes Psicológicos e Neuropsicológicos fidedignos, você poderá ter a confirmação e portanto encontrar a melhor maneira de ajudar seu filho com o melhor método de estudo e direcionamento multidisciplinar”, alertou.
Sociedades de Alto QI
As sociedades restritas de alto QI são grupos seletos que reúnem indivíduos com altas habilidades cognitivas. Elas possuem critérios rigorosos de admissão e apenas pessoas com altos índices em testes de QI podem se tornar membros, elas são fundamentais para a interação entre os participantes e estímulo ao seu desenvolvimento.