Kael Soares Augusto, estudante do curso de Ciência da Computação no Departamento de Ciência da Computação (DCC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolveu uma inovação que promete transformar a experiência de digitar: o teclado ergonômico Kaly42. Com uma mascote “fofa”, um paquímetro sorridente chamado Kaly, e um nome que remete às suas 42 teclas, o projeto busca unir tecnologia, saúde e acessibilidade.
Segundo o professor do DCC Fernando Magno Quintão Pereira, coordenador do Laboratório Compiladores, Kael é um menino que genuinamente ama tecnologia e a Ciência da Computação. “Ele é ótimo aluno, brilhante e disciplinado. E esse teclado que criou é prova disso. Ficou muito legal: bonito e confortável. O Kael sempre foi muito entusiasmado com esse projeto, e é super inspirador ver ele dando certo. Me lembro que enquanto estava projetando o teclado, Kael costumava pedir a opinião de seus colegas sobre vários aspectos do aparelho: formato, logomarca, cor, etc. Ele dava as opções, e as pessoas escolhiam aquelas que gostavam mais. Todo mundo achava o projeto super legal. Fico muito feliz em ver que deu tudo certo!”, disse orgulhoso.
Em entrevista à comunicação do DCC, o aluno contou em detalhes como criou, quais os objetivos, origem da ideia e outros detalhes. Kael explica que a ideia surgiu a partir de uma necessidade pessoal: a luta contra a tendinite, uma condição que ele desenvolveu devido ao uso constante de teclados tradicionais. “Eu criei o teclado para tentar me ajudar com a tendinite. Um dos motivos que a adquiri foi o uso repetitivo de teclados, que pode ser cansativo e prejudicial aos tendões”.
O Kaly42 foi pensado para ser mais ergonômico, portátil e confortável. Kael destaca que o design do teclado ajuda na postura correta, pois permite separar as metades bastante, abrindo os ombros e evitando dobrar os punhos de forma prejudicial. Além disso, o teclado é feito para que nenhuma tecla esteja a mais de uma tecla de distância dos dedos, reduzindo movimentos desnecessários e facilitando o uso com as mãos em posições mais naturais.
O projeto prioriza a ergonomia, com layout que segue o tamanho dos dedos e linhas retas que facilitam o uso sem forçar os dedos ou as mãos. As seis teclas para os polegares tornam acessíveis muitas funções, antes difíceis de alcançar. A possibilidade de rotacionar as metades do teclado também permite ajustar o ângulo de uso, evitando a dobra dos punhos — uma das principais causas de tendinite.
Kael revela que sua paixão por teclados mecânicos e a comunidade de customização foram essenciais para o desenvolvimento do projeto. “Ao conhecer a comunidade de teclados ergonômicos, decidi buscar uma solução que atendesse às minhas necessidades, já que as opções existentes apresentavam defeitos ou limitações”, explica.
O Kaly42 é um projeto open-source, disponível no GitHub (https://github.com/Dwctor/Kaly), e conta com vídeos e textos que documentam sua jornada. O projeto já está completo, com firmware e especificações prontos para serem enviados a fabricantes de PCB, e há planos de futuras melhorias, como case, teclas hot-swap, Bluetooth e mais funcionalidades.
O projeto está licenciado sob a licença Apache-2.0, permitindo que qualquer pessoa utilize e modifique o projeto, desde que respeite os direitos autorais. Atualmente, Kael não pretende comercializar o teclado devido às dificuldades com taxas e importações no Brasil, mas já recebeu mensagens de pessoas ao redor do mundo que construíram seus próprios Kaly42s, demonstrando o potencial de mercado e interesse na inovação.
Conexão com o curso de Ciência da Computação
Kael destaca que os conhecimentos adquiridos na graduação, especialmente no uso do firmware QMK, foram fundamentais para o desenvolvimento do teclado. “Aprendi a configurar o firmware, adaptar o layout e fazer as modificações necessárias usando conhecimentos adquiridos no curso, o que facilitou bastante a criação do projeto”, afirma.
O Kaly42 é um exemplo de como inovação, saúde e tecnologia podem caminhar juntos, e uma inspiração para estudantes e profissionais que desejam criar soluções acessíveis e personalizadas.
