Roacutan é o nome comercial mais famoso da droga isotretinoína, usada para o tratamento da acne. Uma das principais preocupações de pais de adolescentes e de adultos também com acne é em relação ao uso da isotretinoína e seus possíveis efeitos como a depressão.
A acne é uma doença crônica, de evolução prolongada e pode passar muito da adolescência e atingir adultos. Os efeitos psicológicos e de suas cicatrizes são, às vezes, devastadores.
Um estudo publicado no JAMA Dermatology, jornal médico com as últimas novidades científicas sobre problemas na pele, em julho de 2019, avaliou os efeitos adversos psiquiátricos relacionados ao uso de isotretinoína relatados por médicos americanos tratando pacientes ao FDA de 1997 a 2017. Foram quase 18.000 casos de depressão, ansiedade e instabilidade emocional.
No entanto, a taxa de suicídio entre as pessoas que tomavam isotretinoína foi menor do que na população americana em geral. Daí surge uma questão: será que a isotretinoína realmente leva a quadros de depressão e suicídio ou esses sintomas são causados pelos danos psicológicos da própria doença acne?
De acordo com o estudo, não se pode ainda estabelecer uma ligação causa-efeito definitiva entre o uso de isotretinoína e sintomas psiquiátricos. Mas sabe-se que pacientes com acne, principalmente na forma grave, são mais propensos à depressão, independente do medicamento utilizado, mesmo que tópico.
Como ainda não há nada definido, o mais prudente é que os pacientes com acne fazendo uso de isotretinoína visitem o dermatologista todos os meses durante seu tratamento para o controle não só dos exames de sangue, como também dos sintomas depressivos.
* Renata Sitonio é dermatologista, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia