A glicemia em jejum ainda é o exame mais realizado para a detecção da doença, principalmente em situações de saúde populacional. A técnica para A1c veio depois, criada ainda na década de 1950,mas somente em 1993 foi homologada pelos órgãos competentes.
“A glicemia aponta a variação dos níveis de açúcares em um espaço de tempo muito curto. No entanto, essa variação pode também ser causada por outros fatores, como o estresse, o que prejudica o diagnóstico. Ela também necessita de ser feita em jejum, em geral com mais de uma coleta de sangue, o que pode ser desconfortável para o paciente. A hemoglobina glicada consegue refletir o monitoramento por um período maior, sem a necessidade de jejum e com apenas uma coleta de sangue”, observa Luisane. Ambos os exames são complementares.
No ano passado, a Sociedade Brasileira do Diabetes e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia divulgaram um documento em que padronizam os procedimentos que os laboratórios devem seguir e os parâmetros que devem ser analisados para nortear as decisões dos profissionais. Assim, é esperado que cada vez mais profissionais indiquem a realização desse procedimento.
“É importante que os médicos não percam a oportunidade de indicar o exame de A1C em um laboratório de confiança no caso de suspeita de diabetes e principalmente no seu monitoramento. Os seus resultados costumam refletir melhor os níveis de glicose, pois alguns pacientes ‘se comportam melhor’ quanto à dieta um pouco antes dos exames de rotina”,conclui a médica.
SOBRE – A diabetes se caracteriza pelo excesso de concentração de açúcar no sangue, por falha na produção ou na ação do hormônio insulina, produzido pelo pâncreas. O tipo 1 está ligado a falhas diretas das células do órgão produtor. Já o tipo 2, responsável por cerca de 90% dos registros, é associado a fatores externos, como a obesidade, fatores genéticos e estilo de vida. Os principais sintomas são aumento da diurese, sede, fraqueza e com o tempo podem surgir lesões das artérias, dos rins e da visão, que podem demorar anos para se manifestar. A diabetes em geral não regride espontaneamente, mas se descoberta precocemente seu controle pode permitir que o indivíduo leve uma vida praticamente normal.
O exame de glicemia é o procedimento mais comum para diagnóstico e monitoramento da diabetes. Ele identifica os níveis de açúcar no sangue do paciente em um determinado dia, geralmente em jejum. No entanto, existe outra técnica, pouco conhecida por boa parte da população, que permite estimar qual o volume de açúcar no sangue em um período bem maior, por pelo menos 60 dias: a hemoglobina glicada, ou A1c.. Ele mostra os níveis de glicose ligados à proteína hemoglobina. A quantidade encontrada tem relação direta com a concentração pregressa de açúcar no sangue.
“As moléculas de hemoglobina têm meia vida de cerca de 60 dias, habitualmente. Ao longo do tempo, caso haja aumento do açúcar no sangue aumenta a adesão de suas moléculas à hemoglobina. Por isso, a quantidade de açúcares presente nelas indica quais foram as concentrações no sangue ao longo desse período, permitindo um retrato histórico e dando mais subsídios para o diagnóstico ou para avaliação do tratamento aos já doentes”, diz a médica patologista clínica Luisane Vieira, diretora técnica do Laboratório Lustosa.
Estimativas recentes indicam que o mundo chegará a 2030 com cerca de 366 milhões de diabéticos, mais que o do broque havia no ano 2000 (171 milhões). Por ter sintomas pouco intensos e que podem ser confundidos com várias outros males de menor gravidade, o trabalho de prevenção da doença por meio de exames e análise do histórico familiar são essenciais para o diagnóstico precoce e controle. O Dia 14 de novembro, Dia Mundial do Diabetes, é a época do ano em que profissionais da área alertam para a gravidade da doença e a importância de se buscar sempre o diagnóstico precoce.
