A dor na planta dos pés pode ser uma fascite plantar, inflamação ou degeneração da fáscia plantar, membrana de tecido conjuntivo fibroso. Muitas pessoas não sabem que essa dor pode ser causada por uma doença e acabam ignorando o problema. O jogador de futebol do Grêmio, Luan, por exemplo, ficou de fora da delegação do time que viajou ao Paraguai no fim do ano passado, devido à fascite plantar, comum em praticantes de esporte que exigem grande esforço físico, como o futebol. Luan ficou proibido de jogar por um período de tempo, até diminuir a inflamação.
Os atletas com atividades de sobrecarga, mulheres que usam sapatos de salto muito altos e pessoas que trabalham em pé têm mais propensão a desenvolverem a doença. O problema costuma aparecer em pessoas entre 40 e 60 anos, mas pode acometer qualquer faixa etária. Conforme dados da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), estudos sugerem que a dor pode ser consequência de traumas esportivos, excesso de peso que impacta a sola dos pés e de processos degenerativos e de encurtamento muscular naturais do envelhecimento.
A identificação da fascite plantar requer a adequada observação dos sintomas. Sentir uma dor forte, como uma pontada, debaixo do pé e perto do calcanhar, é um sinal. Muitas vezes, essa dor é mais intensa pela manhã, mas alivia durante o dia, com a movimentação. É preciso entender as causas da dor e procurar o diagnóstico correto para iniciar o tratamento. Quando não tratada, a fasciíte plantar provoca grande incômodo, altera a marcha, compromete outras áreas dos pés e, até mesmo, algumas articulações adjacentes.
Como tratar uma doença em uma área tão delicada e muito usada ao andar? O tratamento mais simples pode ser de grande ajuda, como repouso, aplicação de gelo e sessões de fisioterapia, auxiliando no alongamento de estruturas, como o tendão de Aquiles, os músculos da panturrilha e a própria fáscia plantar, diminuindo a inflamação. O uso de palmilha ortopédica também pode ser recomendado para melhorar a distribuição do peso do corpo sobre os pés.
Em alguns casos, é possível recorrer até mesmo à terapia por ondas de choque. É um método útil para redução da dor ao aumentar a irrigação de sangue na área e estimular a regeneração dos tecidos. Deve-se investigar a dor para evitar maiores prejuízos.
É possível prevenir o problema de forma fácil. Evitar ganho de peso, fazer alongamentos regulares, utilizar calçados com amortecimento apropriado para prevenir lesões e não usar sapatos com salto muito alto são medidas simples para combater a fascite plantar. Acima de tudo, é importante não ignorar os sintomas, afinal, é por meio dos sinais que o organismo nos comunica que algo está errado.
*Thiago Alexandre Alves Silva é ortopedista do Hospital Madre Teresa