A queda de cabelo nas mulheres é queixa frequente e crescente nos consultórios de dermatologistas. Conforme a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), estatísticas apontam que 30% das mulheres têm ou terão alguma reclamação desse tipo de problema. O número pode parecer alto, mas inclui casos de alopecia androgenética, que é a calvície hereditária, e a alopecia senescente, com o afinamento dos fios de acordo com o avanço da idade. A boa notícia é que os tratamentos só evoluem e têm a tecnologia como aliada. De vitaminas a cirurgia robótica, passando por intervenções clínicas e medicamentosas, as opções são muitas e aplicáveis de acordo com cada caso.
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Minas Gerais (SMD-MG), o dermatologista José Régis reforça a importância de um diagnóstico preciso para dar início ao tratamento. “O problema é comum, mas não é normal. E tem tratamento”, diz.
José Régis, que está à frente da Clínica Régis – Dermatologia em Restauração Capilar, explica que, no caso do público feminino, após os 40 anos e com a menopausa, costuma haver perda e afinamento do cabelo, que também atrofia, ou seja, cresce menos. E, segundo ele, os casos vêm aumentando, inclusive devido ao intenso ritmo de vida, que deixam as mulheres mais expostas a fatores de risco, como estresse.
A perda acumulada e significativa do volume total e o afinamento dos fios devem acender o alerta de que é hora de procurar o consultório médico. “A queda não é doença, mas é sintoma de desequilíbrio”, diz. De acordo com o médico, nem toda queda de cabelo vai culminar em calvície. Mas há casos severos que demandam, inclusive, intervenção cirúrgica de transplante capilar.
Na hora de traçar o diagnóstico, os médicos vêm contando com o importante apoio da dermatoscopia digital, exame realizado com câmeras que ampliam de 20 a 140 vezes o local em questão, dando mais precisão na definição das patologias e, em alguns casos, eliminando a necessidade de biopsias. A análise é feita dentro do consultório e dura aproximadamente 20 minutos. É possível identificar, por exemplo, o número de fios por centímetro quadrado, os cabelos em crescimento, tipo do cabelo, entre outros.
Além da dermatoscopia digital, a definição do diagnóstico pode demandar a realização de outros exames, como de sangue. Com os resultados em mãos, o dermatologista poderá definir as causas da queda do cabelo. Muitas vezes, o problema pode ser hereditário. Também podem ser causadores da queda dos fios fatores como estresse, ansiedade, questões hormonais, menopausa, uso de produtos químicos, alimentação e doenças autoimunes. Além disso, pode haver associação de duas ou mais causas.
O médico atua em duas frentes: atacando a causa do problema e, ao mesmo tempo, tratando diretamente dos fios, para evitar a queda e, ainda, promover o crescimento de um cabelo saudável. Dessa forma, o tratamento pode demandar um conjunto de procedimentos, como, por exemplo, uso de medicamento tópico, vitaminas e tratamento a laser.
Numa das possibilidades, o tratamento clínico conjuga o Minoxidil, medicamento mais comumente utilizado de forma tópica. A novidade que surgiu este ano é que esse medicamento também pode ser tomado via oral, exigindo um cuidado maior devido aos efeitos colaterais. A substância pode ser conjugada com os antiandrogênicos, como a Finasterida. Também podem ser utilizados anticoncepcionais. Todo o processo deve ser acompanhado pelo profissional.
Outro procedimento que pode ser utilizado é a aplicação de laser de baixa energia, realizado em casa pela própria paciente. O laser estimula a absorção dos medicamentos. Há casos que demandam aplicações a serem feitas na própria clínica médica. Também podem ser associados ao tratamento a suplementação de vitaminas e aminoácidos.
Há ainda a microperfuração, para auxiliar na aplicação dos remédios no couro cabeludo. E, em alguns casos mais avançados, pode-se optar pela micropigmentação para reduzir o contraste causado pela perda do cabelo.
Para pacientes que sofrem com perda de cabelo mais severa, há ainda a opção do transplante capilar, que também é feito por meio de cirurgia robótica. O dermatologista José Régis explica que a intervenção com o apoio dos robôs é recomendada para alguns tipos específicos de problema e traz mais precisão, elevando as chances de êxito. O custo dessa cirurgia chega a ser aproximadamente 50% mais elevado que o da convencional.
Fórmulas – O mercado está atento à demanda desse público que sofre com a alopecia. Exemplo disso é uma pesquisa realizada pelo INCT Nanobiofar, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que levou ao desenvolvimento de um produto patenteado no Brasil e EUA, fruto de mais de oito anos de estudos. O Sanctio é um tônico antiqueda capilar, de uso tópico. “Sua eficácia foi constatada após a realização de testes com 60 voluntários que apresentavam perda dos cabelos. Os testes demonstraram que o produto reduz e previne a queda dos cabelos, além de promover a manutenção dos fios na fase anágena (fase de crescimento do cabelo). Comparando com o grupo de voluntários que usou placebo, houve comprovação científica da sua eficácia. Em 66% dos casos, a densidade capilar aumentou e houve paralisação da queda”, explica um dos coordenadores da pesquisa, o professor Robson Santos.
Existe também o Bioplex Nasce Fios, que é eficaz para pessoas com os cabelos enfraquecidos e ou com falhas, especialmente aquelas que passaram por processos de coloração e de alisamento, como as progressivas. “O BIOPLEX equilibra e fortalece o couro cabeludo, além de controlar a oleosidade”, afirma o Responsável Técnico e engenheiro químico da Softhair, Hermes da Fonseca. Segundo o especialista, o produto foi elaborado após 20 anos de estudos da equipe técnica da empresa, com validação pelo Centro Paulista de Pesquisa e Avaliação Dermatocosmética (CEPAD) e alto investimento tecnológico. Ele promete reduzir em quase 30% a queda de cabelos em 60 dias de aplicação.
ENTENDA
O que é
-
- – A alopecia genética, ou calvície, é uma forma de queda de cabelos geneticamente determinada.
– Homens e mulheres podem ser acometidos pelo problema, que apesar de se iniciar na adolescência, só é aparente após algum tempo, por volta dos 40 ou 50 anos.
– A doença se desenvolve desde a adolescência, quando o estímulo hormonal aparece e faz com que, em cada ciclo do cabelo, os fios venham progressivamente mais finos.
– A queda dos cabelos está associada à presença dos hormônios sexuais masculinos, principalmente a testosterona.
– A queixa mais frequente na alopecia androgenética é a de afinamento dos fios. Os cabelos ficam ralos e, progressivamente, o couro cabeludo mais aberto.
– Nas mulheres, a região central é mais acometida.
– Pode haver associação com irregularidade menstrual, acne, obesidade e aumento de pelos no corpo.
– O tratamento baseia-se em estimulantes do crescimento dos fios, como o Minoxidil, e em bloqueadores hormonais. O objetivo do tratamento é estacionar o processo e recuperar parte da perda.
– Os bloqueadores hormonais são medicamentos via oral; nos homens, a Finasterida é a mais usada. Nas mulheres, anticoncepcionais, espironolactona, ciproterona e a própria Finasterida podem ser receitados.
– Nos casos mais extensos, um transplante capilar pode melhorar o aspecto estético.
Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia